segunda-feira, 29 de junho de 2009

Oração / Tefilá


A oração é a expressão mais óbvia e a mais universal do relacionamento do homem com Deus. Na sua forma mais elevada e a seu nível mais sincero, a oração é chamada de "o serviço de coração"(avodá shebalev), e é uma das muitas maneiras de se expressar amor po Deus.

"E servireis ao Eterno, vosso Deus"(Ex. 23,25). Segundo Maimônides, isto se refere à oração, porque ele o relaciona com "e servirás ao Eterno, teu Deus, com todo o teu coração". Segundo os nossos Sábios, esta última parte do versículo refere-se à oração(tefilá), que é obrigatória para homens e mulheres.

Nos tempos antigos as orações não estavam estruturadas e eram informais. A obrigação mínima era rezar, ao menos, uma vez por dia, muito embora muitos o tenham feito mais frequentemente. A duração da oração não tinha importância.

Muito embora a oração, na sua forma mais ideal, deva ser espontânea, expressando em palavras o que o coração sente e a mente crê, a falta de capacidade das pessoas "de expressar-se adequadamente e com precisão", a falta de conhecimentos linguísticos, da pessoa mediana, para "expressar, adequadamente, suas necessidades ou louvores a Deus", motivou Ezra e os Homens do Grande Sínodo a instituir as Dezoito Bênçãos na sua atual forma e ordem.

As primeiras três bênçãos contêm louvores a Deus, as últimas três são de graças, e as intermediárias contêm solicitações das necessidades mais essenciais individuais e coletivas. O povo as aprendeu e passou a recitá-las fluentemente, assim que os de pouca facilidade de expressão verbal puderam oferecer as suas orações com a mesma clareza dos que possuiam o dom da eloquência. Foi por este motivo que redigiram toda as outras bênçãos e orações, também, que se tornaram fluentes nos lábios de todo o povo de Israel.

Embora o "serviço do coração" tenha sido sempre considerado a expressão mais natural da fé, as orações tornaram-se também o substituto oficial do serviço central do Templo de Jerusalem(onde tomou a forma de oferendas sacrificiais de farinha e/ou animais), depois de sua destruição e a cessação das oferendas no altar.(De acordo com a Torá, oferendas sacrificiais só puderam ser apresentadas no Templo de Jerusalem(Beit Hamicdash), no Monte do Templo. Ela proibe oferecer sacrifícios em qualquer outro lugar.)

Assim, a oração matutina(shacharit) corresponde à oferenda da manhã, a oração de Minchá à oferenda diária da tarde, a oração de Mussaf no Shabat e nas Festas, à oferenda adicional(Mussaf) prescrita pela Torá, para aqueles dias especiais. As horas das orações também correspondem aos horários nos quais os respectivos sacrifícios eram ofertados. A exceção neste paralelismo é a oração da noite(Arvit ou Maariv), pois que não havia sacrifício da noite. É por isso que o status da obrigatoriedade desta oração era objeto de discussões entre as Autoridades Rabínicas. Precedente, tradição e a praxe acabaram por estabelecer Maariv firmemente como serviço regular, porém seu status "não estatutário" ficou indicado pelo fato de ser o único serviço no qual o cantor não repete a Amidá.

A tradição, entre judeus, da oração ser um "serviço do coração", remonta a tempos muito anteriores à destruição do Templo de Jerusalem. Foram os Patriarcas que nos deram o exemplo. "E Avraham rezou a Deus"(Gen. 20,17) foi um ato de fé, repetido por seus descendentes.Isto explica porque se estabeleceram três orações diárias e não duas, que seria lógico se o único motivo fosse seu papel de substituto pelas oferendas no Templo de Jerusalem.

A tradição das três orações diárias é atribuida às práticas dos Patriarcas. A oração matutina é atribuida a Avraham, a da tarde, a Itschak, e a da noite, a Iaacov.

Qualquer coisa que a oração represente ou simbolize, é preciso ter-se em mente que oração(tefilá) significa falar com Deus. Não quer dizer assistir a um serviço religioso. Significa envolver-se numa experiência, na qual se tenta dirigir-se diretamente ao Todo-Poderoso.

A recitação de orações, diariamente, pode tender a transformar-se numa prática rotineira, contra a qual os nossos Sábios advertiam, dizendo:"Quando rezas, não faças das suas orações uma rotina, mas um apelo por misericórdia e uma súplica perante Deus"(Ética dos Pais 2,18) "Não é considerada uma prece, a oração de quem dela faz uma rotina"(Berachot 4,4).

Para que a oração tenha significado, os nossos Sábios insistiram em condições conducentes à concentração(kavaná). Exigem pureza de pensamentos e santidade do lugar e demandam comportamento digno e respeitoso durante a oração.

Portanto: É proibido conversar e tagarelar durante a oração, provocar distração, nem permitir leviandade, frivolidade e nenhuma falta ao respeito.

Essas são algumas das normas destinadas a ajudar a conseguir profundidade espiritual ao rezar.

O resto, contudo, depende da própria pessoa.

As mulheres devem rezar, mas podem fazê-lo a qualquer hora que lhes convenha, e podem rezar em particular, em casa. Embora seja elogiável o seu esforço de assistir às rezas na sinagoga em Shabat e nas Festas(o que as judias observantes geralmente fazem) e não é para elas uma obrigação.

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