quarta-feira, 29 de julho de 2009

Tishá be Av


O dia mais triste e trágico do ano é o do jejum de 9 de Av(tishá be Av). É um dia de jejum e luto, em que lembramos a destruição do primeiro Templo de Jerusalém, no ano 586 a.e.c.(antes da era comum) e , por uma coincidência(?) histórica, do segundo Templo, também, no ano 70 e.c.(era comum).

O primeiro Templo foi saqueado e queimado totalmente pelos babilônios, o segundo, pelos romanos.

A destruição do Templo de Jerusalém, o centro religioso do povo, não foi apenas uma catástrofe religiosa, como também marcou o fim do primeiro e segundo reino judeu, respectivamente, e o exílio da maior parte da população de sua terra.

No decorrer dos séculos, Tishá be Av ficou identificado com mais outros acontecimentos trágicos, na história do povo judeu. Foi em Tishá be Av que foi publicado o decreto da expulsão de todos os judeus da Espanha, com as alternativas sendo a morte ou a conversão ao cristianismo.

Embora o Estado Judeu tenha sido reestabelecido em 1948, e Jerusalém tenha sido reunificada em 1967, sob soberania judia, pela primeira vez desde o ano 70 e.c., o significado de Tishá be Av foi reafirmado por pensadores e eruditos contemporâneos.

Em primeiro lugar, o Templo(cuja destruição é o motivo principal do luto de Tishá be Av) ainda não foi reconstruído. O Monte do Templo foi ocupado por líderes muçulmanos, que, no ano 691 e.c., construíram um dos mais importantes santuários islâmicos, no lugar mais sagrado dos judeus. Isto realça ainda mais o que a perda do Templo significa para o judaísmo.

Em segundo lugar, não há uma ocasião mais apropriada no ano, para lembrar, lamentar e chorar todas aquelas ocasiões, na história de Israel, de dor e sofrimento, morte e torturas, crueldade e opressão, que culminaram com o holocausto europeu(1940-45), quando mais de um terço de todo o povo judeu, mais de 6 milhões de homens, mulheres e crianças, foram mortos sistemática e barbaramente, após serem submetidos aos mais incríveis sofrimentos.

Tishá be Av é um dia de jejum total. Assim como em Iom Kipur, é proibido comer e beber desde antes do pôr do sol do dia 8 de Av, até o anoitecer no dia seguinte.

As práticas em vigor são as seguintes:

Não usar sapatos de couro.(Não é proibido usar sapatos feitos de borracha, pano ou outro material.)

Abster-se de lavar-se ou banhar-se.(Isto só é proibido se for para conforto ou prazer, mas não é proibido para remover sujeira, lavar-se ritualmente ao levantar-se, de manhã, ou depois de se fazer as suas necessidades.)

Abster-se de fazer a barba.(e mulheres, de usar maquiagem).

Abster-se de relações conjugais.

Abster-se de estudar a Torá, porque alegra o coração. É, contudo, permitido ler ou estudar o Livro das Lamentações, e de Jó, selecções de Jeremias, as partes do Talmud que tratam da destruição do Templo e os regulamentos referentes ao luto.

Abster-se do trabalho(no sentido comum da palavra, não no sentido da proibição sabática), ao menos à noite e até o meio dia do jejum. Depois do meio dia de Tishá be Av é permitido todo trabalho, se necessário, se bem que o jejum possa tornar isto difícil.

Sempre que possível, e ao menos até o meio dia, é costumeiro sentar-se em bancos baixos, à maneira dos enlutados na primeira semana(shivá) depois da morte de um parente.

A lei faz concessões aos doentes. Tais pessoas não precisam jejuar o dia inteiro, sendo suficiente jejuar apenas uma parte do dia.

Sendo que o Talit e os Tefilin são chamados de adornos religiosos, símbolos de beleza, não são usados no serviço matutino de Tishá be Av. Mas colocam-se Talit e Tefilin à tarde, no serviço de Minchá.

Costuma-se dormir numa superfície mais dura que o normal, e algumas pessoas chegam a pôr sob a cabeça uma pedra, em vez de travesseiro.

Na era do Mashiach, Tishá be Av se tornará em festa, mas aquele que não ficar de luto pela destruição do Templo não merecerá vê-lo reconstruído.

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